
O mundo muda rapidamente, nem sempre é fácil acompanhar. Profissões deixam de existir, equipamentos vão sendo substituídos. Lembra do CD, do DVD, do walkman, do videocassete? Hora de dar as boas-vindas às impressoras 3D, assistentes virtuais e carros sem motorista. Se você ligar agora para o SAC de uma empresa, provavelmente quem te atenderá é um software de inteligência artificial.
As transformações, claro, não se resumem aos avanços da tecnologia. Abarcam também comportamento e cultura. Mas o que costumava mudar vagarosamente, de uma geração para a outra, agora acontece na velocidade de um tufão.
De repente, descobrimos coisas que simplesmente não vimos mudar. Como isso aconteceu? Desde quando? É como se tivéssemos sido abduzidos – um termo usado pelos aficionados por ETs que descreve o rapto de humanos por alienígenas: a pessoa é levada da Terra e devolvida tempos depois, sem memória do que aconteceu no meio tempo, encontrando um planeta diferente.
Sentimos que, de repente, o mundo mudou. E nós não.
As transformações do mundo estão gerando gaps – lacunas – que não têm a ver com a idade ou com gerações. Têm a ver com não conseguir assimilar e vivenciar realidades que mudam mais rapidamente do que conseguimos acompanhar. Criam-se gaps de espaço e tempo, gaps existenciais. Sente-se assim?
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Roberta Rossetto é jornalista e consultora de marketing digital.