Super-heróis, símbolos do tempo e da sociedade

A representatividade tem sido discutida na publicidade, na comunicação, na indústria de brinquedos, no cinema. É importante ter pessoas de diferentes raças, estaturas, pesos etc porque é vendo-as que nos sentimos representados.

A indústria de super-heróis também abraçou o tema quando o lançamento de Pantera Negra, em 2018, levou milhares de crianças negras ao cinema, nos Estados Unidos. No mundo dos super-heróis, há um pouco de tudo: pele verde, rosa, roxa, tatuada; com antenas, corpo de bicho, garras de lobo, braço mecânico, paralisia, cegueira, mãos trêmulas, há bons e maus caracteres. A representatividade nunca foi uma preocupação e  ela já existia entre os super-heróis mesmo antes desse termo ganhar os holofotes: a maioria foi criada para revistas em quadrinhos entre os anos 40 e 70. Mas o Pantera Negra explodiu nas telonas, levando ao cinema gente que nunca acompanhou essas aventuras antes.

Pois bem. Um desses super-heróis, o Capitão América, criado em 1941, um soldado branco e musculoso, com trajes inspirados na bandeira americana e que se tornou popular por defender os EUA durante a Segunda Guerra Mundial, é agora representado por um negro.

Capitão América foi sempre um tremendo sucesso. Nos idos anos 40, o soldado fortão virou personagem na TV americana, empurrando o ânimo das tropas combatentes. Ao longo dos anos, teve diferentes atores vestindo seu uniforme, todos brancos, e se transformou num tremendo blockbuster com a saga Vingadores.

Nos quadrinhos, o Cap já teve versão negra, LGBT e um nativo americano de tranças e pena na cabeça. Mas é no cinema e na TV por streaming que qualquer mudança no personagem se a faz mais visível. Por isso, a substituição nos filmes foi cautelosamente planejada pela Marvel / Disney, donas do personagem. Uma série de seis episódios foi criada para contar a história e você pode assisti-la no Disney+.

Nela, Sam Wilson, interpretado por Anthony Mackie, recebe o escudo do Capitão América, mas não se acha à altura do título. Devolve-o. O escudo, então, é dado a um loiro de olhos azuis, que não faz bom uso dele, mancha-o de sangue. A certa altura, ser um Capitão América negro é tema de uma conversa: a sociedade jamais aceitaria, diz um personagem. A narrativa vai acontecendo e o novo Capitão América se impõe, dá lição de moral, faz por merecer o escudo. Ele fica com o escudo mas não usa um capacete como seu antecessor, deixa à mostra seu cabelo. Não há o que esconder. Só a comemorar. Também os super-heróis evoluem.

Anthony Mackie, o novo América

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